Estou sendo prejudicada por uma colega. Ela me atropela, executa tarefas que competem a mim e vive na sala de nossa gerente, gabando-se de que faz mais do que a função exige. Desconfio que essa colega está tramando alguma coisa contra mim. O que posso fazer? – Flávia

Olhando pelo lado inverso, Flávia, sua colega pode ser proativa, além de estar utilizando muito bem o marketing pessoal. São duas coisas positivas. Sua desconfiança quanto às intenções dela está baseada em seu ponto de vista, mas o que realmente importa, nesse caso, é o ponto de vista de sua gerente. Se sua colega está recebendo cumprimentos pela iniciativa que demonstra, e recebendo incentivo para continuar, a única opção que você tem é usar as mesmas armas. Aparentemente, sua colega não cruzou a linha da ética, e você pode estar enxergando conspiração onde existe apenas competição.

Faz tempo que minha empresa vem tentando controlar o clima de rumores e fofocas. E não consegue. Qualquer boato se espalha à velocidade do som. Conclusão: todos nós trabalhamos tensos, imaginando que alguma mentira a nosso respeito possa estar começando a circular. Há remédio para isso? – Karla

Primeiro, Karla, saber da vida dos outros é um esporte nacional. Segundo, quando pessoas estão estressadas ou insatisfeitas, a necessidade de desabafar aumenta. Terceiro, os boatos só florescem num solo fértil, o da falta de informações. Considerando que todos vocês têm um nível de curiosidade normal, duas coisas devem estar acontecendo. Vocês devem estar trabalhando sob tensão – serviços para ontem e cobranças exageradas – e sua empresa não tem um bom sistema de comunicação, falada ou escrita. E, quando não há notícia, o povo inventa. O remédio, sem contra-indicações, seria todo mundo fechar a boca. Como isso não vai acontecer, sua empresa só vai controlar os rumores quando implantar dois tipos de programa: um para aliviar pressões e outro para espalhar verdades. Enquanto não fizer isso, ela ficará tentando, de modo reativo e sem sucesso, abafar inverdades.

Trabalho com uma pessoa insuportável. Como ela tem muitos anos de casa, já se sente “blindada”. E, por isso, persegue os novos, fazendo críticas ostensivas ao trabalho deles. Como posso me proteger de uma pessoa assim? – Márcia

A maioria das empresas que existem há mais de 30 anos tem uma pessoa com essas características, Márcia. Mas, ao contrário do que parece, gente assim não está defendendo a empresa. Está, apenas, procurando uma válvula de escape para as próprias frustrações pessoais. O ponto positivo – se é que existe um – é que você não está sendo prejudicada, porque as críticas são inócuas. Você e seus colegas podem – se todos têm a mesma percepção que você sobre o negativismo dessa pessoa – formar um grupo e fazer uma reclamação coletiva à gerência. Normalmente, isso é difícil, porque muitos de seus colegas vão preferir deixar as coisas como estão. Nesse caso, o melhor que você tem a fazer é se fingir de surda. E, ao olhar para a tal pessoa, use-a como exemplo de tudo aquilo que você não quer ser na vida profissional.

Trabalho com uma colega insuportável, do tipo sabe-tudo. Ela, simplesmente, é incapaz de ouvir. Só a opinião dela conta. E o pior é que nosso chefe a aponta como exemplo para nós. – Célia

Cada empresa tem uma lista de habilidades desejáveis, Célia. A sua também deve ter. Nela constam a liderança, o espírito de equipe, a criatividade e outros fatores louváveis. Mas, numa empresa em que trabalhei, eu ouvi um dos conselhos mais contundentes de minha vida profissional. Na recepção, havia uma placa com a “Nossa Missão”. Era uma longa frase, em que a empresa expressava o desejo de ter colaboradores, fornecedores e clientes altamente satisfeitos. Em meu primeiro dia de trabalho, meu chefe me perguntou: “Você leu a Nossa Missão?”. Respondi que sim. E ele me falou: “Então, memorize o seguinte: estamos aqui para dar resultados práticos de curtíssimo prazo. O resto é conversa”. Muito provavelmente, Célia, seu chefe elogia sua colega porque ela dá resultados. Esse é o grande trunfo das pessoas insuportáveis. E é por isso que há tantas delas no mercado de trabalho.

Descobri que uma colega está tendo um caso com nosso gerente, que é casado. Que atitude eu deveria tomar? – Vander

Você só deve revelar o caso se: (1) sua empresa incentiva esse tipo de denúncia e existem canais internos para levar fatos dessa natureza ao conhecimento da diretoria; (2) seu trabalho está sendo diretamente prejudicado pela relação e você possui dados concretos para comprovar isso.

Considero meu superior imediato um excelente modelo, tanto técnico quanto humano. Procuro me espelhar nele, mas meus colegas de trabalho entendem essa admiração como puxa-saquismo. O que estou fazendo de errado? – C. Augusto

Ter uma referência profissional é algo muito positivo. Mas mencioná-la constantemente não é. Provavelmente, além de absorver o que pode ser útil para sua carreira, você está também tecendo comentários públicos, tão elogiosos quanto desnecessários, sobre seu superior. Isso, definitivamente, soa mais como bajulação que como aprendizado. Ele não precisa disso, nem você.
Por: Max Gehringer
Fonte: http://revistaepoca.globo.com

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