Clipping é inteligência competitiva?

quinta-feira, 19 de novembro de 2009


Certa tarde, um velho índio cherokee contou ao neto uma história sobre a batalha que acontece no interior das pessoas.
“Meu filho, a batalha é entre os dois lobos que existem dentro de nós. Um é mau. É a raiva, a inveja, o ciúme, a tristeza, o arrependimento, a cobiça, a arrogância, a autocomiseração, a culpa, o ressentimento, a inferioridade, as mentiras, o falso orgulho, a superioridade e o ego.”
“O outro é bom. É a alegria, a paz, o amor, a esperança, a serenidade, a humanidade, a bondade, a benevolência, a empatia, a generosidade, a verdade, a compaixão e a fé.”
O neto pensou por um minuto e perguntou ao avô:
“Qual dos lobos vence?”
O velho cherokee respondeu simplesmente:
“Aquele que você alimentar.”

- Anônimo


Escolha é a matéria-prima de quem trabalha com Inteligência Competitiva. Monitorar concorrentes, tecnologias, tendências de mercado e acima de tudo mostrar riscos a serem evitados, são em última análise derivadas de uma escolha, como podemos ler na história acima.

Um profissional de Inteligência Competitiva busca e precisa apontar para os dirigentes de sua empresa, a diferença entre os dois lobos.

Claro que esta não é tarefa fácil. Além de leitura e estudo, a prática, a experiência, ou seja, saber avaliar como executivos de uma empresa tomam decisão, faz toda diferença na criação de um programa de inteligência, e principalmente, quando da elaboração de produtos de inteligência, quer sejam newsletters, relatórios impressos, apresentações em power point, planilhas excel, emails, entre outras possibilidades

Porém, ao realizar diagnósticos empresariais e informacionais em empresas de diversos segmentos e portes também diversos, constato que está sendo oferecido, cada vez mais para executivos, um produto de inteligência, que nada mais é do que um clipping, cada vez mais extensos (relatórios de 20 páginas), que buscam atingir um número maior de gestores dentro da empresa, com o objetivo de aumentar o volume de informação, e não o valor da informação.

Hoje, se acredita que o envio das principais notícias do dia, divididas por títulos que buscam endereçar áreas, departamentos ou processos da empresa, com links, caso “o leitor – executivo” tenha um maior interesse pela notícia, seja um trabalho de inteligência competitiva.

E as vezes, o mais interessante é uma notícia ser endereçada a vários executivos de uma organização, copiada e colada de um jornal econômico ou revista de negócios, sem citação alguma a fonte.

Ora, que trabalho de inteligência é esse?

Então cita-se uma matéria publicada em um veículo de grande circulação, com título e breve resumo do próprio jornal, revista, rádio, televisão, internet e “leitor – executivo” que se vire, se quer mais informaão sobre aquele assunto?

Ah, inteligência competitiva não é isso.

Louvável o trabalho de muitos fornecedores em colecionar informações jornalísticas ao longo de toda uma noite, para logo no início do expediente corporativo, ou seja, por volta de 8 horas da manhã, enviar um informativo para um profissional da empresa, que simplesmente vai encaminhar para uma lista já gravada em seu computador, o trabalho de “inteligência” do dia. Ou o próprio fornecedor, de posse da lista, já enviar para empresa, ou disponibilizar na intranet da empresa.

Risco em inteligência e risco por um profissional de inteligência

Então se o clipping não conseguir “coletar” todas as “notícias” sobre determinado produto, concorrente, mercado, consumidor, pelo simples fato que este veículo de comunicação (de uma cidade, de u estado mais distante, por exemplo) ainda não ter disponibilizado em seu site, toda a publicação atualizada, o trabalho de inteligência corre risco?

Sim, justamente a função que está sendo criada para minimizar riscos, é aquela que acredita que “notícias de jornais, revistas, sites, emissoras de televisão, rádio, além de blogs, redes sociais, podcasts, são produtos de inteligência.”

Por isso, é hora de rever o que está sendo chamado de inteligência, pois diferenciar o sobrenome; inteligência de mercado, inteligência estratégica, inteligência de compras, inteligência do consumidor, pode ter um efeito “cosmético.”

Afinal, muda-se o sobrenome, mas não a função, exigências profissionais e a qualificação e experiência para se fazer “inteligência”.

Muito já se falou e escreveu sobre inteligência, mas o profissional formado para trabalhar neste campo de trabalho, continua a ter como objetivo primordial e prioritário, a resolução de um problema empresarial, que passa pela comunicação à empresa de ações que visam antecipar movimentos da concorrência e do mercado.

Cada vez mais inteligência é a gestão do risco.

E a resolução deste dilema corporativo não é publicada nos jornais diários ou vem no clipping com um link para ser acessado por qualquer um dos executivos da lista.

Pense nisso!

*Alfredo Passos, apassos@espm.br, Partner da Knowledge Management Company, Professor da ESPM, autor entre outros livros de “Inteligência Competitiva – Como Fazer IC Acontecer na Sua Empresa,” publicado pela LCTE Editora.

Fonte: http://www.administradores.com.br

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